terça-feira, 24 de novembro de 2009

Os Meus Adjetivos.

Venho me esforçando para dormir, mas pior que o calor que faz aqui são as mãos atadas do quarto escuro e o silêncio que não quero e nem consigo fazer...
Hoje foi um dia bastante escrito, como eu talvez gostaria de defini-lo. Penso em como preciso aprender novos adjetivos. Gosto, sem dúvidas, mais deles do que de quaisquer outras classes de palavras.
Gosto ainda mais dos novos, dos inventados, dos erroneamente empregado por falta de algo mais condizente... Gosto de adjetivos ácidos, vermelhos, reais e doces. Gosto também dos pobres, sobretudo os pobres recheados de significação. Gosto, mais que tudo no mundo, de adjetivos desconcentrados que descrevem com brevidade e perfeição o sentimento ou a sensação real. Acho que se eu exercitar com muito capricho e cautela talvez um dia saiba adjetivar com clareza...
Deve ser por isso que não posso ser jornalista! Preciso ser ilimitada, adjetivista. Não sei ser discritiva sem ser sonhadora. Não ser fazer como Heminguay, porque não consigo dissociar real e sonho quando escrevo. Tampouco sei ser concisa com Camus. Embora muitas vezes eu use períodos curtos e bem pontuados, e isso seja um pouco de herança do autor brilhante, não posso apenas ser fria e não sonhar. Não sei dizer "Hoje mamãe morreu".
Eu nunca seria uma grande jornalista, porque não sei viver sem o sonho, e infelizmente só aprendi ainda a fazer o belo com o sonho.
O que não quer dizer que eu seja uma pessimista e não ame o real, até porque eu vejo muita poesia no concreto, mas preciso mais que tudo de fantasia.
Fantasia e sonho são talvez dois dos substantivos que mais são meus. Mesmo toda a irrealidade deles a mim é muito verdadeira, muito crua, e muito cheia de significação.

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