sábado, 13 de março de 2021

a ultima casa alugada

tem um pouquinho mais de um mês que eu cheguei.

cheguei no estado de total esgotamento em relaçao à minha vida na van, e ao mesmo tempo em relaçao ao meu casamento.
mas, se é preciso abrir mão de um para salvar o outro, não há dúvidas de quais caminhos tomar.

rapidamente juntei meus panos de bunda, comprei uma passagem e voltei. sem casa, sem grana, sem lenço sem documento. e to aqui, dia após dia, encontrando saídas e jeitos novos de me reinventar. nao ta facil. nunca é fácil. mas dessa vez vai.

vai pqe dessa vez eu entendi que eu só vou conseguir ter uma vida tranquila quando eu tiver tranquila de grana. e agora, por mais duro e "capitalista" que seja assumir isso, é isso que eu quero e é atrás disso que eu vou correr atrás.

esse sonho lindo de morar numa van e viver com muito pouco pode ate funcionar para muita gente; mas pra mim esbarra em questões muito complexas. eu ainda não me realizei profissionalmente e eu sinto que a hora de fazer isso é agora; que eu nao quero e nao posso deixar esse momento passar.
e de mais a mais tem a carol, que jogou o tarot mais louco do mundo e me encheu de respostas que eu nem sabia que precisava perguntar.

nunca imaginei que um jogo de tarot pudesse mudar tanto a minha vida. "a van vai acabar logo". "vc vai ter uma casa, e as coisas vao andar pra onde vc quer quando vc tiver a sua casa". "vc vai ter o que voce deseja, e ter sucesso no que vc faz". "uma oportunidade vai aparecer e mudar tudo para vocë". "dudu ainda vai ser a sua pessoa----


opa.
é ai que a coisa ta embolando.
eu sei que ela disse que sem casa e sem grana a gente ia cotinuar em crise por um tempo ainda. e que assim que tudo se organizasse a gente ia se encontrar no meio do caminho.
mas ela tb disse pra ele que ele precisa tomar os caminhos que se abriram para ele.

e é justamente esse caminho que eu sinto que ele ainda nao conseguiu olhar com clareza.
hoje, eu sinto que a falta de comprometimento dele ainda o trava, ainda o impede de evoluir e de ir além.

mas eu sei que ele pode. eu acredito nele. eu amo ele. eu sinto muito por todas as coisas duras que eu faço e falo nas horas que eu sinto raiva.
mas eu não sei como controlar meu sentimento na hora da angustia, da ansiedade, do medo.
e eu culpo ele por estar ali. culpo ele pq eu culpo a falta de grana. e culpo a falta de grana pela falta de consciência.


eu só queria ter uma vida financeira estável e tranquila como a maioria das pessoas ao meu redor. não ficar nesse sufoco, q eu me enfiei, pq eu deixo os sonhos dele tomarem conta da nossa vida financeira.
eu culpo ele, e ai eu me culpo, pela minha fé. mas eu não devia culpar nenhum de nós. eu devia entender, e mudar.

mas eu juro que eu tento. eu tenho tentado.
mas eu não sinto que ele entendeu. eu não sinto que ele mudou.
eu sinto que ele, vez por outra, toma atitudes que mudam um pouco as coisas. mas é sempre na hora que eu saio do sério. é sempre quando eu perco as estribeiras. quando eu me descontrolo. quando eu saio do meu normal para dizer, aos berros, o que precisa ser feito.

ontem ele me disse que quando eu faço isso eu desestabilizo ele.
e é foda, mas eu sinto tanto o oposto. que quando eu faço isso é que ele toma atitudes concretas.

eu sinto que sem esses momentos de rompante ele vai deixando, e se enchendo de coisas e de desculpas, para não ser prático e resolver o que precisa ser resolvido.
eu falo com muito pesar quando eu digo que ele prefere comer uma caixa de sucrilhos uma semana do que dar um jeito de fazer dinheiro para poder comer fora.

eu sei que é lindo no papel "na riqueza e na pobreza". na prática, a falta de dinheiro me mata por dentro. pedacinho por pedacinho.

a ansiedade me domina, o medo me escandaliza. sorte a minha que eu não fico paralisada.
ele fica - num primeiro momento. mas ai logo depois ele anda. e ai a rotina e a cabeça dele vão paralisando ele de novo. é como se ele fosse congelando os músculos, e parando de perceber.

ai eu chego com as minhas reações exageradas que também não são nada saudáveis; e de alguma forma ele se mexe.
os dois unicos dias que ele foi procurar de fato algo na rua foram os dias que eu perdi a cabeça.
os trabalhos que ele tentou ou conseguiu vieram de outras pessoas. de mim, da mell, de algum lugar. ele nao consegue tomar a atitude por ele mesmo.

eu sei que ele precisa da minha mão. mas eu to esgotada demais, exausta demais, no limite demais, sofrendo demais. eu nao tenho nem pra mim, como eu vou ter pra ele?


eu preciso primeiro resolver a situação de grana que vem se extendendo agora por um tempo longo demais. antes de qualquer outra coisa, eu preciso das contas pagas, minhas dívidas pagas, minha vida em dia.


e o primeiro passo é a minha casa nova.

daqui a 3 horas eu vou entrar na casa nova.
com o pouco de coisas que eu tenho, com o pouco que sobrou, e vou fazer dela um lar.

vou fazer dela o lugar que eu preciso para recompor meus sonhos, meu trabalho, para fazer dinheiro e gastar pouco.

das muitas vantagens que ela tem, custa pouco e está perto de tudo. além disso, cabe pouca coisa dentro, embora com certeza seja bom o bastante para caber muito amor.
sei que o tempo vai acertar tudo. o tempo pro dudu ir pra orlando, a gente tentar essa vida longe um do outro -- e eu ja me pego pensando que ele ainda nao combinou onde vai ficar, e que com certeza esta esperando que eu faça isso. eu não vou fazer. eu preciso parar de fazer as coisas por ele ou ele nunca vai entender.

é muito triste a gente chegar nesse ponto - eu nao quero mais fazer nada pra ele, e ele nao quer fazer nada para mim. abrir um site por um segundo é motivo o bastante para ele apontar que segue "fazendo coisas pra mim". é insano.

a nossa relaçao acabou.
e a unica saida para ela é recomeçar.
mas hoje, o casamento acabou. nao existe parceria. eu nao tenho mais força para ser parceira. nem ele.

ou a gente vai reconstruir isso qdo a gente se vir longe e sentir falta, ou vao ficar as memorias das coisas boas e cada um seguir seu sonho.


muitos casais se separaram nessa quarentena. a gente se separou antes, se fortaleceu nela e se enfraqueceu bem quando tudo estava voltando a uma certa normalidade.
pqe as coisas com a gente nunca podem ser como no resto do mundo? rs.

eu adoro fazer tudo diferente.

mas eu to cansada.

eu so queria um pouco de normalidade.
eu queria relaxar um pouco, sem culpa. eu queria, por um dia, nao me preocupar em quanto dinheiro eu tenho e na urgencia de fazer mais para sobreviver.

eu preciso parar de pedir favor. eu me sinto pessima, para mim tudo doi.
e eu me afasto de quem me da amor e carinho pq ta tudo dificil demais.


mas eu sinto que isso tudo vai passar. e que pelo menos eu to consciente.

e, mais que consciente, eu to motivada.
agora eu tomo conta da minha vida, e quem quiser que me acompanhe.

eu nao vou mais esperar por ninguem.
eu quero que essa seja a ultima casa alugada da minha vida.

minha proxima casa vai ser MINHA.


***


e não tem nada que eu não me prometa que eu não cumpra.

pode escrever. minha proxima casa vai ser MINHA.
eu vou fazer acontecer.
e espero que ele esteja junto comigo nessa.