domingo, 8 de janeiro de 2023

2023 wtf

 sentada na varanda do nosso apartamento

são 7 da manhã e eu tinha só uma pontinha pra fumar. agora já até foi. o sol nasce lindo atrás da cidade e o mar ainda está azul escuro e dourado.

a ksana tem aprendido a curtir muito esse tempo de varanda comigo. ela nunca ficou muito aqui fora. e eu to sempre aqui fora. eu to sempre tirando um tempo pra ver o sol nascer e pra ver a lua nascer e pra contemplar. todo dia me deixa embasbacada a natureza, a beleza. não importa que seja a mesma vista, é sempre outra vida.

e é mesmo, sempre outra vida. 2023 é tão outra vida. de repente tudo mudou de um jeito tão louco e absoluto. e faz parte. é parte de quem eu sou esse monte de mudança. mas agora eu quero me acalmar. quero rotina e todo o amor do mundo. quero passar a vida toda feliz e tranquila, acordando do lado de felipe, vivendo em paz, dormindo com ele outra vez. 

nunca imaginei que isso ia acontecer assim, desse jeito, nessa velocidade, mas não tem como ser diferente comigo. é tudo pra ontem e sempre é bom. 

e não importa quantas vezes eu vou cair. eu vou sempre levantar. e subir mais alto.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

a ansiedade natural versus o controle

hoje pela manhã fiz terapia. tava contando para eduarda o como estou ansiosa com essa chegada da hora de ir embora do brasil. contei para ela meus medos e minhas ansiedades; fiz conta de tudo que eu sei que vai mudar - e projetei tantas coisas que eu quero mudar (minha saúde, minha alimentação, minha relação com a casa, meu casamento, meu ciclo de amigos, etc).

essa projeção me deixa feliz; mas ao mesmo tempo apreensiva, assustada e até um pouco medrosa. "mas isso é natural", eu disse, ela disse. "se sentir ansiosa agora faz parte, afinal, tudo vai mesmo mudar".

"o que não é natural é você estar ansiosa e se culpando, por estar ansiosa nesse momento. pqe ai já não é ansiedade, é controle" - eu e essa minha necessidade de controlar tudo precisamos aprender que não adianta nada ficar tentando o tempo todo segurar todos os pratos a perfeição.

***

4:20 da manha. e eu não vou fumar um pra celebrar. aliás, eu até quero celebrar. mas quero me celebrar pqe eu não vou fumar um para tentar dormir.

eu vou celebrar justamente o fato de que eu vou encontrar outras formas de me encontrar comigo; e me desconectar um pouco do beck - que nos últimos meses tem sido um grande aliado na ansiedade, nessa coisa toda de brasil, mas nas últimas semanas passou do ponto do que eu acho legal e ta me fazendo mal.

justamente pqe agora chegou nesse momento conclusivo, a reta final. a "temporada nova" vai começar. muita coisa vai mudar; até o que parece que vai ser o mesmo vai mudar. e eu tenho muita coisa pra decidir, pra conversar, pra alinhar e pra acertar. e tenho muita coisa guardada em mim; muita alegria, mas também muita insegurança, muito sonho, e um medo natural disso tudo que vem pela frente.

e eu vim usando o beck como uma forma de não ver nada disso vir, de não gastar mta energia em tudo isso que tava acontecendo. eu fui usando o beck como um "deixa a vida me levar" - acontece que a solidão, o excesso de trabalho, o tempo em frente a tela e a facilidade me fizeram aumentar o consumo de forma considerável; e de mais a mais o beck não é tao bom quanto o que eu to acostumada a fumar, e isso me faz acabar fumando mais pra tentar ter o mesmo resultado; a mesma onda.

***

tenho me sentido muito desencontrada do meu corpo nas últimas semanas. sinto como se a maconha fosse só uma das muitas coisas que se desregularam e que eu to tentando achar um equilíbrio; junto com meu sono - antes de mais nada, que está uma merda - essa tosse que nunca vai embora, as psoríases que andam aparecendo aqui e acolá, as unhas roídas até o talo, a cabeça cheia de machucados e o cabelo fazendo um ninho de mafagafinho.

ah. e ainda tem a TPM. que acabou de virar menstruação, dor na perna, dor no corpo. e também tem a alergia - que na madrugada é tosse alta, xarope, espirro.

***

a conclusão? eu to uma bagunça. mas to escrevendo, pqe escrever esclarece e esclarecer é o primeiro passo. depois é decidir, traçar metas, ter um plano, confiar em mim.

preciso aprender a comer, a me cuidar e a segurar a minha onda de verdade na maconha.

queria ficar até sp sem fumar...





quarta-feira, 18 de maio de 2022

escrever esclarece

e acalma. i guess.

eu preciso escrever um pouco; pra ver se organiza. se desbagunça. se clareia a mente.

não tá fácil.
tem dias que são leves; mas tem dias que puta que pariu.
e tem semanas que puta que pariu.

essa semana eu mal dormi.
as olheiras batem no queixo,
eu não tenho a menor condição de cumprir com todas as minhas obrigações de trabalho.
metade dos pagamentos do mês estão atrasados.
a outra metade é pra vir no final do mês.

isso está me gerando um nível de estresse emocional que eu não to sabendo lidar.
por si só.
ai junta ao fato de que eu fiquei sem celular, que tá um frio do cacete, que eu to indo pra são paulo no meio da madrugada, que eu preciso fazer mala, que eu vou ter que com essa mesma mala ir pra salvador, que eu vou ficar sem celular até salvador. e sem maconha. e sem rivotril.

o rivotril é minha culpa,
eu já devia ter pedido pra bruno isso há meses.
mas eu fico enrolando. deixo pra quando for a ipanema.
mas parece que eu moro em outro país.
eu nem sei o que é ipanema.

eu fico aqui no leme, trancada em casa, sentada nessa poltrona, da hora que eu começo até a hora que eu paro - com tudo acumulado, atrasado, tenso.

mas agora eu vou fazer a mala.
organizadamente.
calmamente.

com tudo que precisa.
com paciência e calma.

vou por uma música, vou curtir o processo.

e é sobre isso.

***

escrever sempre acalma.

***

o problema é que eu tenho tanto pra acalmar que preciso escrever um livro.

sábado, 6 de novembro de 2021

this fucking emptiness

 a fumaça do baseado preso entre os meus dedos estava só dançando de forma livre até eu começar a digitar. o vai e vem dos dedos no teclado fazem o vai e vem da fumaça virar um tremendo descompasso.

mas talvez fumar agora nem seja a melhor das opções. ontem eu não comi. hoje eu ainda não comi. mas eu não tenho a menor vontade de comer. a menor vontade de me nutrir. hoje a minha única vontade ainda é sumir.

eu me sinto só; e agora eu me vejo só. eu me pus só.

e, mais que isso, eu não quis sair conversando, ligando, falando, dialogando. eu quis tomar o tempo pra mim. primeiro pra minha cabeça respirar, pro meu cérebro se encher de ar de maneira tal que eu não sufoque mais; depois, pro meu corpo respirar. meu corpo está exausto. meu corpo é um monte de não sentir. como se eu tivesse fisicamente anestesiada e mentalmente acelerada, ao mesmo tempo que oca. 

os sentimentos não se organizam na minha cabeça; os pensamentos passam dando voos rasantes, mas antes mesmo que eu possa fruir, interpretar, pensar, ele sai. algo novo me ocorre e não consigo mais lembrar do fio da meada - e isso até poderia ser o baseado. mas eu passei a última semana toda sem baseado.

agora não mais - ontem eu finalmente peguei maconha. me recuso a passar por isso tudo sem poder pelo menos ficar numb de tempos em tempos.

***

eu disse que ia tirar meu coração dele. e eu realmente disse. e eu acho que se eu seguir adiante, forte, com as minhas escolhas, eu consigo. eu sobrevivo.

mas eu quero? ontem a noite foi muito dificil estar perto dele e não saber o que eu estava sentindo. eu me sentia oca, vazia. como se eu fosse incapaz de formular um pensamento, ou juntar meia duzia de palavras. 

mas quando eu cheguei em casa eu peguei o telefone umas cem vezes querendo falar com ele. umas seiscentas vezes. 

só que eu não tinha nada pra falar. eu não tenho nada pra falar. eu ainda me sinto vazia. eu ainda não sei como traduzir essa tristeza profunda que eu estou sentindo.

***

é tão estranho esse sentimento que eu não tenho vontade de falar; não tenho vontade de ter ninguém perto. nem de ligar pra ninguém, nem de responder ninguém, nem de ver ninguém. nem de fazer nada.

desde ontem eu estou nesse sofá num eterno dorme acorda chapa vê tv.

não que eu pretenda permanecer assim... na realidade eu estava planejando acordar, colocar uma música, abrir as cortinas e arrumar a casa toda. arrumar tudo, dar comida pro gato, ver se eu passo na feira e compro umas coisinhas frescas.

mas quem eu to enganando? eu lá tenho força pra isso? meu corpo todo parece que chegou de um ano na guerra. cada emoção que meu corpo sente é estranha e dolorida. tudo parece que uma agulha fina profunda vai entrando em mim e aplicando uma dor mínima mas lancinante. específica. como se fosse uma acupuntura. mas de dor. sei lá.

escrever o parágrafo da casa limpa me deu um mínimo de fé. escrever o da dor aumentou a percepção da dor. nós somos realmente muito auto sugestivos/sugeridos. 

agora não sei o que fazer. o sol está começando a nascer la fora. talvez eu precise dormir um pouco mais.

sábado, 19 de junho de 2021

bom dia.

acordei. não recomendo.

não por nada em especial. 
mas é que acordar vem junto com todas as preocupações.
e no momento eu tenho várias.

o duro é que são todas ligadas a dinheiro.

pra começar, essa coisa do meu útero.
é claro que quando eu soube que podia estar com alguma coisa séria eu tive muito muito muito medo pela minha saúde.
mas agora que o desespero passou, o medo é ter fôlego financeiro para bancar o que vem ai.

fora o medo ainda maior de se eu não conseguir trabalhar por qualquer razão.
eu vou viver de que?

meus medos rodam rodam e voltam sempre pra esse lugar - e esse lugar me tira o sono.
tipo hoje, que eu passei a noite pensando que eu preciso ir no dentista e provavelmente tirar esse dente que, além de ET (aquele meu siso que nasceu de lado), tá com certeza doente. tá cinza e doi.

se eu tivesse tranquila a primeira coisa que eu faria era marcar um dentista segunda feira e resolver.
mas eu não tenho.
uma brincadeira dessa pode custar todo o dinheiro que eu tenho para o mês.

depois eu vou falar com camila.

pensei tanto nisso que acabei sonhando com ela a noite toda.

não queria ter que pedir algo assim; mas também preciso pedir conselho.
e nesse grupo a gente sempre pede conselhos.
então acho justo pedir. mas não sei como.

***

hoje vou lá na deza pegar as plantas.
não faço a menor ideia do que fazer com elas.
mas tenho andado meio impaciente quanto ao meu apartamento assim tão bagunçado.

to pensando em amanhã ir naquelas feiras, antiquários, procurar por doações.
quero mobiliar essa casa. mesmo que depois eu canse e ache o que eu quero e mude.
eu não aguento mais essa casa assim.
isso tá me incomodando demais.

pelo menos o suporte da TV a gente precisa resolver.

***

to sem assunto.
não sei se é porque to meio azeda, e acordei assim, borocoxô.

pqe outra razão seria, anyway?

ah é. talvez seja o medo de estar doente, o medo da falta de grana, os medos todos juntos me corroendo.

arghhhhhhhh.
wheres brave lulu?

domingo, 13 de junho de 2021

o mundo é azul; qual é a cor do amor?


acabei de fazer uma coisa que eu acho que não fazia aqui há anos.
escrevi um monte de coisa; achei tudo ruim, desconexo, solto e inconclusivo.
apaguei.

eu não costumo apagar as besteiras que eu escrevo pqe eu sinto que em algum momento elas vão me vestir.
mas hoje não acho que tava falando, pela forma, pelo caos.

e eu to aqui numa dessas noites caos, insone e super acordada - juntando com o cazuza e a chapaceira.

***

acho que vou trocar o cazuza pela dido;
vou pegar um livro.

eu dei uma parada nas leituras essa semana pqe comecei um terror; e não sei se to na vibe.
acho que vou ler um livro novo.
ou talvez esse mesmo esteja bom.
bom mesmo é ler qualquer coisa até o beck bater e o sono bater.


boa noite.
la vou.

terça-feira, 8 de junho de 2021

voltei a tomar pílula

desde ontem.


quando eu vim morar aqui nos Estados Unidos, há quase 5 anos, essa coisa da pílula fazer mal estava começando a ser falada. ainda era uma coisa muito discreta, os médicos no brasil ainda prescreviam pílulas como se não houvesse amanhã, como se não causasse nada de mal para as mulheres que as tomam.

eu já tomava há quase 15 anos, e estava absolutamente adaptada - na verdade, desde sempre foi algo que me adaptei muito bem. a pílula para mim me caia como uma luva.

mas a consciência e até o medo, junto a dificuldade logística (já que aqui no Estados Unidos é um saco conseguir pílula, além de ser caro para cacete) me fizeram tomar a decisão de parar.

no começo eu pensei "vai bagunçar tudo, mas daqui a um tempo vai regular tudo de novo". só que na verdade foi ao contrário. começou muito bem, e eu me sentia maravilhosa sem a pílula.
mas com o passar do tempo esse sentimento foi mudando porque as reações do meu corpo também foram mudando.

o fluxo passou a se intensificar muito - e ok, era como se eu tivesse de fato "menstruando". aquilo me fez sentir mais forte, mais feminina, mais conectada com meu corpo de alguma maneira.

mas acho que o problema real mesmo foi a noção de como os meus hormônios (ou os de todas nós mulheres) bagunçam nosso humor - e muito mais.

primeiro que as minhas crises de TPM são homéricas. a sensação que eu tenho é que uma vez por mês eu tomo uma decisão muito forte e definitiva - até aqui, apesar de impulsivas, elas tem sido ponderadas. mas eu tenho medo de onde que isso pode me levar.

sem contar a pele. que agora, aos 30 e poucos, é a pior que eu já tive em toda a vida. e que claramente passa por picos de piora no meu período menstrual e no meu período fértil. é uma fucking montanha russa, semana ruim, semana boa, semana ruim, semana boa. sendo que o boa nem é boa. só não é tão ruim.

dito tudo isso, conversei com a larissa e tomei a decisão: voltei pra pílula.
e ai vou lidar com a chatice logística, com o medinho de estar fazendo uma péssima escolha, e com a culpa de estar voltando atrás numa decisão pela qual eu levantei tanta bandeira.

mas bora. é isso. tentar o que funciona para mim.

espero que eu consiga o que eu quero. 
e que não perca nem uma gotinha de libido - que já anda faltando, btw.