terça-feira, 24 de novembro de 2009

Identidade.

Os grandes mestres têm sempre algo a ensinar, e têm conosco sempre alguma peculiaridade em comum que nos faz devotar nosso tempo, nossa leitura e até mesmo nossos sonhos de futuro.
Clarisse Lispector teve sempre algo para dizer para mim. Não importa em que situação eu a leia, sempre temos alguma coisa em comum. Na grande maioria das vezes semelhanças nos atormentam e atraem.
Eu estava lendo seu livro de crônicas agora, porque o tempo não passa, e a noite não corre e o sono não chega. Adivinham como se chamava o texto? "Insônia infeliz e feliz". Incrível? Talvez não tanto quanto os dois textos adjacentes. Um que fala de um calor que consome e corrói, absolutamente como sinto agora; e um terceiro, um tradução de Burt sobre o realismo da arte, compartilhando comigo a idéia que acabei de escrever acerca da arte que não é absolutamente real...

Hoje cedo terminei de ler o novo livro do Geneton, que é um jornalista com quem muito me identifico, sobre o Fernando Gabeira.
Gabeira dizia que acha que todo estudante de jornalismo deve ler "O Velho e o Mar", do Heminguay, e "O Estrangeiro", do Camus. Incrivelmente são dois dos meus livros favoritos. Momentaneamente sofri uma identificação com o jornalista/político, que nos tornou próximos.
Outra coincidência desse livro foi a entrevista que li mais cedo na revista de Domingo, com o atual diretor do Jardim Botânico, de quem não me lembro o nome, que, em troca do embaixador alemão, o mesmo responsável pela soltura e pelo exílio de Gabeira, foi solto e exilado na época da ditadura no Brasil.
As coincidências com Geneton não param por ai! Este livro "Dossiê Gabeira" é muito novo, e eu nunca tinha nem ouvido falar dele. Foi presente de um grande amigo, dado numa fase em que eu, mais assiduamente, lia o jornalista e seu blog na Globo.com.

Elisa Lucinda é uma da poetisas mais reconhecidas do nosso tempo, e encontrei nela uma semelhança e uma verdade que tive com poucas pessoas na vida, fossem elas amigos, transeuntes ou artistas. Duvido que ela pudesse apenas atuar em"Parem de Falar Mal da Rotina". Aquele texto não parecia feito para mim, mas sinto como se fosse feito por mim, salvo, obviamente, a minha incapacidade de fazê-lo e a genialidade de Elisa, obviamente.

Até Vinicius de Moraes, Oscar Wilde e Gabriel Garcia Marques são autores com quem em muitos momentos me encontro. É absolutamente essa identificação que nos torna tão entusiastas de uma causa, tão apaixonados por uma obra ou tão devotos de um autor, diretor ou músico.
Porque sim, ainda nem falei dos filmes e das músicas... Imaginem só?! Se alguns livros que li nas últimas semanas e algumas horas de insõnia me causaram tamanho alvoroço, o que falar das músicas que tem tanto de mim?
Acho melhor deixar essa conversa para uma outra ocasião...

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