quarta-feira, 19 de maio de 2021

journaling

escrever. esse ato tão simples e quase natural. 

quase natural. porque as pequenezas me desconcentram. me levam para um outro lugar qualquer desagradável em que o foco vai parar numa besteira; como o fato de que por alguma razão inconcebível quando eu pulo uma linha eu já ganho logo um parágrafo.

eu sei que eu não respeito as regras todas de escrita. eu sei que eu aboli a letra maiúscula do início das palavras; que eu uso o ponto e vírgula de maneira absolutamente irresponsável; e que eu exagero no número de travessões no meio da frase.

nada faz sentido. até que liniker canta "barato total" assim, como quem nem quer nada. eu não queria mto mais que psiu e uma meia dúzia de poesia. e ai lá vai a criatura e me leva todinha pro papai.

e me levar pro papai tem me desconcentrado.

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mas tudo bem. tem muita coisa que anda me desconcertando ultimamente. principalmente, desde sexta passada, a falta do que fazer. depois daquela semana caótica, exagerada, exaustiva, alucinante, complexa e !! de sucesso, sexta foi dia de home office. ai dudu foi embora; e sábado foi dia de home cleaning; domingo foi dia de home nothing; assim como segunda e terça. e já se vão ai uma cabeçada de dias que eu venho me sentindo improdutiva e impaciente.

parece aquela ansiedade que bate quando eu misturo café com maconha. mas ainda nem tomei o primeiro gole do café, ou peguei o beck que eu apertei ontem a noite.

eu tenho andado ansiosa assim, porque tenho andado medrosa.

sinto medo de falhar; medo de não alcançar meus objetivos, medo da minha depressão, e medo das minhas dependências. medo desse meu desejo/necessidade de preencher todo o tempo com pessoas. queria ser mais auto suficiente. queria ser mais "vou la e vou sozinha". "vou comigo mesma". "vou e pronto". 

mas eu não faço; eu nunca faço. eu sempre espero alguém. espero alguém ir comigo, espero alguém me chamar.

mas ai é só eu escrever que eu alinho as ideias né. 

não toma muito mais de 5 minutos de conversa comigo mesma pra eu perceber o que tá faltando. já escrevi para luanna, que eu quero que seja minha próxima amiga.

e ai pode ser porque "calmô", ou pode ser só porque só de escrever e dar o primeiro passo eu já me sinto mais tranquila. menos dependente. menos trouxa.

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sobre ser trouxa em 2021.

eu sei de tudo; eu me conheço há uma caralhada de tempo. eu to insistindo em mato onde eu sei que não sai cachorro - ou cachorrada - porque meu espírito de adolescente me toma nessas horas de vazio.

semanas cheias. cabeça cheia. ocupada. sem espaço em branco para auto humilhações. haha até parece que não sou eu que faço isso com as pessoas.

não tem cabimento, luisa. não tem não.

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o que tem então cabimento?

tem cabimento o que todos nós já sabemos de cor e salteado: respiração, alongamento, comida de verdade, caminhadas, passeios com pastrami, trabalho com parcimônia, envolvimento com quem tá afim da gente, praia, sol, verão, amigos, guardar dinheiro, segurar a onda. 

mas no final das contas é tudo sobre essa minha necessidade insana de me sentir aprovada.

e pqe caralhos? não é como se eu tivesse sido a vida inteira criticada por absolutamente tudo que eu quis, queria, ou tentei fazer, não é mesmo? quer dizer... ops...

não. eu não sou a especialzona que fui criticada a vida toda. é uma coisa social. todo mundo foi. todo mundo é. é absolutamente impossível preencher todos os desejos de todas as pessoas durante todo o tempo; e quanto mais a gente tem a consciência disso melhor a gente fica com a gente mesmo. e no final das contas é com a gente mesmo que a gente tem que estar bem.

ontem a gabi gelli tava dizendo exatamente isso. nem se a gente disser sim para absolutamente tudo a gente vai agradar todas as pessoas. não existe nada que se possa fazer que não entender a nossa incapacidade de agradar de forma absoluta e entender o que de fato a gente quer pra gente.

e eu sei o que quero pra mim. quero dias de sol, caminhadas, letras, quero quem eu quero por perto -- e ai talvez esteja morando a confusão.

quem eu quero por perto? eu ainda sinto toda hora a falta de erick e henrique. toda hora erick e henrique vem à minha cabeça. toda hora eu penso no tanto que é insano não tê-los. pqe eu amo muito muito mesmo meus outros amigos aqui em miami. mas eu nunca me sinto tão à vontade com eles quanto eu me sentia com os meninos. nunca mais me senti em casa daquela forma; nunca mais me senti em família como daquela forma. 

e quando eu olho para trás e vejo tudo aquilo que me falta e que eu gostaria me confunde. estou vivendo de passado? não. não é mais sobre isso. eu já aceitei que isso é o que sobrou daquela relação. e eu encaro ela com o que ela tem de mais bonito. eu trago as memórias, eu trago os aprendizados e os afetos. eu deixo as dores de lado; esqueço toda aquela bagunça final que não cabe em nada em todo o resto da história. eu apaguei tudo aquilo do meu coração de maneira tal que não existem mais as dores. é como se eles tivessem morrido. não de uma forma trágica. é como se eles tivessem sido abduzidos por alienígenas. é como se eles tivessem sido dominados pela maldição imperius. eu encaro assim, e me ajuda. não faz sentido olhar pras dores.


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é que nem isso, de liniker tocar, e ir me lembrando das coisas. me levando pra viajar.

me levando para um lugar de auto controle maravilhoso. talvez seja isso; eu me esgote quando esgota.

mas talvez eu deva aprender a dar limites aos meus esgotamentos antes que eles me esgotem emocionalmente.

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tia Laura acabou de perguntar da baby rose. gatilho da ansiedade. eu sei que eu preciso resolver isso; eu não to tendo muito controle sobre isso, na verdade. eu deveria tomar uma atitude sobre isso.

tomei. 

busquei o site que faz entregas de coisas assim. me parece que vai custar um pouco mais de 2 mil dólares. que ótimo. é isso que eu quero. resolver. agora eu tenho dinheiro na minha conta; e assim eu fico segura que a minha van vem para as minhas mãos. mesmo que seja pra eu usar com meus amigos no verão. que eu coloque pra alugar. whatever.

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ainda sobre resoluções. apaguei do meu celular os gatilhos. todos os números e conversas que eu não me sinto apreciada como deveria. agora, se eu precisar precisar precisar, não tem como. azar o meu.

maturidade que chama.

self love, caralho.

eu hein.


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