domingo, 6 de junho de 2021

inação

me pego vivendo numa roda daquelas que os ratos giram. super super ativa, mas sem sair do lugar.
não há mto tempo, antes de mais nada.
é algo recente; relativamente. sobretudo porque eu sinto que a intensidade da coisa vem aumentando com uma força desproporcional nessas últimas semanas.

me sinto cansada, preguiçosa, desanimada, prostrada, improdutiva, pouco criativa. sinto as pontas soltas e a ansiedade me corroendo por tudo que eu podia e devia estar fazendo e não tenho conseguido.

hoje não consegui fazer nada; numa mistura de trabalhar e finalizar o que eu precisava, descansar e não ter tesão no que eu tenho pra fazer, me vi vivendo de alguma maneira um dia em que me reconheço com depressão.

tudo isso podem ser percepções extra marcadas pela TPM. pode ser exaustão mesmo, depois de muitos e muitos meses girando uma engrenagem complexa, pesada e estressante.
mas o fato é que eu to com medo... medo mesmo, um medo que quase me paralisa.
medo de estar voltando a ter depressão; medo de entrar num lugar e não conseguir sair de novo; medo de me analisar demais, me cobrar demais, me permitir demais, me satisfazer demais, me frustrar demais, e por ai vai.

a casa vive sempre uma bagunça.
não importa quanto eu a arrume. como tudo é feio e nada tem lugar, nada me da tesão.
tudo vai se acumulando pelos cantos, porque meu corpo se arrasta da cama pro tapete e do tapete pra cama, passando pela banheira - de forma até bem reduzida.

e toma de corpo deitado; pouco movimento e pouca ação.
não tenho força para ter ... me falta a palavra. não é proatividade que eu estou buscando. mas é quase isso.
me falta força para dar o primeiro passo; para levantar da cama e fazer algo, começar algo. tomar uma atitude, puxar pra mim a responsabilidade de fazer algo com o meu dia.

eu sinto que as horas vão passando e que eu vou jogando elas pelo ralo. nas primeiras horas eu sinto um prazer imenso em fazer isso. nada. descansar o corpo que está exausto; depois o celular não desgruda da mão, mesmo sem ter nada o que ver. mesmo sem ter nada para fazer.
ficamos ali naquela situação de dependência ridícula em que eu pulo do instagram, pro twitter, pro joguinho, e de novo pro instagram até eu me entediar a ponto de baixar um joguinho novo só para ter com o que me ocupar.

e nesse misto de ansiedade e apatia, o celular é algo que me causa uma relação de amor, ódio e dependência.
quando eu escrevo, claro, eu percebo, eu sinto, eu desenho para mim mesma.
e eu sei que eu devo fazer mais.
quando eu escrevo eu me lembro de mim.

é como se escrever fosse a única coisa capaz de me tirar da apatia em que eu me coloco quando me sinto assim.

mas não é também como se fosse fácil escrever.
dar o primeiro passo, até para escrever, às vezes me parece um passo maior que minhas pernas podem dar.

levantar pra pegar o computador? exausta.
levantar para cozinhar? mas eu quero algo simples. uber eats de preferência.
nem sair para jantar me enche os olhos.
mas ficar em casa também não me enche os olhos.

hoje voltei a fazer contas de entradas e saídas e me preocupar com o destino.
o destino.
não é como se eu estivesse preocupada com o destino, de fato. eu to preocupada com o caminho.
e com o fato de que eu de vez em quando perco a fé no destino.

eu acredito em tudo que eu quero pra mim e sei que eu vou conquistar;
mas sei também que esses momentos de baixa de energia me tirar um pouco o fôlego e me paralisam de certa maneira.

eu não quero e não posso parar. não da para diminuir o rítmo;
ainda que dê sim para diminuir o ritmo de trabalho.

mas isso não pode significar diminuir o ritmo da minha vida.
eu não posso passar um sábado plantada em casa, sem construir ou executar nada de bom para mim todo um dia.
mas será que eu sou mesmo tão ruim assim?

eu acabei de ler um livro (que li em 2 dias, o que me orgulho, pq é parte do meu exercício de não usar muito o celular);
comecei a ler outro livro (e ai já começo a achar que eu sou muito exagerada em tudo; li um livro em pouco mais de um dia, e ai já quero começar a ler outro... mas ai perco o foco e o fôlego e quase me afogo no meio disso tudo);
além disso começamos - e acabamos! - lupin. uma série ótima; a qual eu vi prestando 25% da atenção necessária enquanto eu jogava mais um joguinho idiota que deveria me tirar mas acaba causando mto mais ansiedade.

já é de outros carnavais que eu sei que quando estou assim, tudo que pode ser aliado se torna algo ruim, se torna reflexo das minhas ansiedades e angústias, e acaba vindo desmedido.

eu também trabalhei, organizei tudo com as meninas para subir os tais posts da melhor forma e o quanto antes.
e no final tali, num daqueles arroubos de mau humor e cobrança excessiva (ou talvez nem seja. mas eu to sentindo assim porque to sentido tudo demais - como reflexo dessa culpa e dessa ansiedade) me deixou mais uma vez pisando em ovos e angustiada.

essa coisa de trabalhar com a tali me causa isso.
é trabalhar com a minha amiga, mas muitas vezes é a complexidade da mistura dessas linhas.
e isso é mesmo algo difícil de acertar pra mim.

***

de todo modo; são 4:30 da manhã.
vou fazer o que eu sei que vai dar certo.
acabar de escrever, pegar um copo grande de água, tomar e levar alguma água pro dudu também.
fumar um baseado e ler um pouco meu livro até dormir.
amanhã vou acordar e vou a praia. espero que luanna acorde cedo e me faça companhia.
não quero levar pastrami a praia esse fds porque ontem dudu deu banho nele - nem isso eu fiz; nem isso eu ajudei.

não ajudei a fazer nada praticamente.
a casa ta uma zona -- o melhor que eu fiz foi empilhar os pratos na pia para o dudu lavar;
o pastrami tomou banho, e depois que ele precisava secar eu tratei de ajudar, levar pro sol e encontrar a melhor solução;
dudu decidiu o que ele queria de almoço e eu nem ia me levantar para fazer; a coisa é que ver ele fazendo acaba me dando o gatilho de começar e a coisa então flui.

às vezes eu sinto isso, que se eu tivesse alguém ao meu lado que me fizesse me mexer mais, ao invés de me mimar tanto - e eu amo amo amo amo que ele me mime, mas pensando de forma fria, talvez se ele me incentivasse mais a fazer coisas do lado de fora, se arrumasse e se vestisse e falasse "to indo. bora. põe uma roupa", e me desse ideias divertidas do que fazer, novos programas e tudo o mais, talvez eu fosse.

talvez não; talvez eu só ia ficar mais frustrada.

***

eu queria me apaixonar por ações da mesma forma que me apaixono por palavras, por pessoas, por ideias.

***

eu quero, e preciso muito, ser ativa. viver a vida do lado de fora; não deixar esse arroubo de inação tomar conta de quem eu sou e dominar meus pensamentos, sentimentos e fraquezas.
eu preciso conseguir usar as minhas armas para agir.

amanhã eu não vou ficar prostrada. eu vou acordar e vou fazer algo útil e produtivo da minha vida - nem que seja organizar minha casa e minha semana de trabalho; nem que eu leve o notebook para a praia e fique la trabalhando até eu sentir que a casa ta arrumada.

***

boa noite.

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