sábado, 31 de outubro de 2009

Transformando Efêmero em Eterno

Outro dia escrevi uma matéria de que gostei muito. Passei um bom tempo organizando as perguntas; outro tanto a escrevendo. Quando terminei o trabalho, estava orgulhosa de mim mesma.
Nós, seres humanos normais, cheios de defeitos, pretensiosos e egocêntricos tendemos a valorizar as coisas que fazemos com carinho, sem humanizar o trabalho.
Quando estava contando a um amigo, envaidecida, que estava feliz com meu próprio trabalho, ele começou a fazer perguntas acerca da entrevista e do entrevistado.
Eu, quase automaticamente ia respondendo-as todas. Estava mesmo segura e preparada! O trabalho só podia ficar bom, já que tudo que era preciso perguntar de fato o fora.
Mas nem tudo são flores. No auge da minha felicidade meu amigo perguntou – Ele é feliz? Por quê? – Choque. Total. A pergunta mais importante, a mais forte, a que faria a diferença entre um grande texto e um mediano estava ali. E eu não a tinha feito.
E pior ainda que isso: Eu não sabia a resposta! Sabia que ele é um homem solitário e que isso o incomodava, mas sabia também que é de hábitos simples e sente prazer no trabalho.
Acho que sim, que é um homem feliz, mas não posso afirmar. São conclusões tolas de uma jornalista que conviveu com o entrevistado por poucas horas.
Como conseqüência disso, pensei em passar a perguntar a todos no início de qualquer entrevista – Você é feliz? Por quê? – Depois de muito pensar, comecei a tentar me colocar na posição do entrevistado. O que eu responderia?
Obviamente eu diria que sou feliz, muito feliz. Mas o porquê seria um problema de difícil solução. Acho que de imediato pensamos em tudo aquilo que é clichê: família, amigos, saúde, cultura, divertimento sempre que possível...
Mas não é só isso! Claro que isso também, mas não apenas. Lavar o cabelo com xampu e penteá-lo por horas sentindo o cheiro mais gostoso do universo me faz feliz; ficar sentada ao computador com um pote de creme hidratante do lado, lambuzando o corpo, sentindo cada poro meu, isso me faz feliz; achar uma calça antiga no armário e ver que ainda entro nela, e que vai ficar estupenda com a blusa nova e aquela sandália que vi na vitrine um dia desses; tudo isso me faz feliz.
Comecei a enxergar que felicidade mesmo, plena, a gente só tem em momentos muito curtos, como o tempo de um cheiro agridoce ou o sorriso do melhor amigo. Que no mais somos felizes, mas temos lá nossos pequenos problemas que nos impedem de sermos plenos.
Se quiser uma boa dica para aproveitar o dia e aproveitar você mesmo, passe um dia com você. Escolha seu disco preferido, tome um banho longo, perfume-se, sinta prazer nas pequenas coisas. Aprenda ver beleza e poesia no fugaz e assim tornarás eternas efemérides que jamais pensou fazerem real diferença.

Um comentário:

Anônimo disse...

Puta merda luisa... você é demais !