quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Por quê?

Alguém disse-me certa vez que artistas só conseguem compor em momentos de dor. Seja por um amor não correspondido, pelo final de uma grande paixão ou pela perda de algo ou alguém.
Será que esse meu vazio para criar seja reflexo de um momento 100% pleno?
Por que as linhas simplesmente não se concluem? Por que os sentimentos se perdem?
Nunca senti esse vazio, e ao mesmo tempo tamanha plenitude. Essa bagunça comigo mesma, que o sono não recompõe, que o banho não lava e que a música não abstrai me assusta e ao mesmo tempo me faz feliz.
A verdade é que preciso escrever! E são laudas e laudas... E até ontem, e hoje, e amanhã! Como fazer? Que desespero, que grito, que ânsia! Que DOR!
A dor por não sentir dor é daqueles desesperos que inebria o artista, que causa espanto, que choca, que treme! Por que simplesmente as coisas não fluem? Por que essas linhas são tão massantes, repetitivas e pobres de significação? Por que não consigo simplesmente ser pontual e não ficar só fazendo perguntas sem respostas e lançando interrogações a mim mesma, as quais certamente serei eternamente incapaz de responder? Por que a vida me toma de tal forma que não me alcanço e não me compreendo??
A sede por deixar mais e mais e mais... E armazenar, e escrever, e assinar, e ter, e ser, e viver, e... Como as coisas assim me tomam e me deixam absolutamente arrepiada?
A falta de alguém que me leia e, sobretudo, de alguém que me compreenda torna-me cada vez mais maluca e me enfia cada vez mais fundo nessa louca espiral de incompreensão mútua externa e internamente.
Não consigo alcançar motivos que me fariam perder todas as palavras, que as afastam de mim. Será que estou me apaixonando? Será que é por mim ou por outrem? É isso que desejo? Ainda que não seja, é possível sufocar?

Um comentário:

Aline Bedim disse...

Lu,
Talvez pela mesma paixão por um bom livro, uma boa música, de verdadeiros amigos e por uma vontade louca de ser muito feliz que eu deixe registrado aqui nestas poucas linhas minha admiraçao e identificaçao por uma alma tão transparente como a sua.
Acredito sim, que muitos poemas, textos, romances e declarações de amor tenham sido escritas nos momentos infelizes como nosso querido poeta Drummond registrou um dia,mas confesso que quando leio os seus textos e ouço você falando,só enxergo uma imensa alegria,amor pela vida e pelas pessoas.
E te digo que...tem gente que é VIDA e essencial na minha vida e vai morrer assim!!!
Amo poder fazer amizades como a sua e conhecer pessoas que ainda preservam o amor pela literatura e que sabem apreciar as coisas boas numa época em que o mundo vive tão alienado e fútil.

SEJA MUITO FELIZ!!!!
Sua profa e amiga, Loira