o insônia é um blog que não muda de layout há milênios (e eu duvido muito que um dia mude de novo). e ele é um porto seguro virtual porque de alguma forma eu sinto que olhar para ele é olhar para mim.
mas mais que o layout externo do blog, para quem lê - a blogspot manteve por todos esses anos uma identidade, se não igual, muito parecida. e isso também dá um certo conforto.
vir aqui escrever e ver essa mesma fonte, imaginá-la já lá publicada - não que eu fique imaginando muito, no caso, mas é que ao fechar os olhos eu vejo lá pronto - eu me retorno a mim.
o blog é de 2009. em alguns meses ele completa 10 anos. e quando eu olho para mim eu tento entender quanto de mim é luisa, quanto de mim é a antiga luisa, quanto de mim é uma nova luisa. quanto mudou, quanto está sempre mudando, quanto fica.
não sei se sei o que quero dizer com isso. ou sei. é o que eu escrevi no titulo. isso me conforta. voltar a mim, a um lugar seguro que pra mim é como se fosse a extensão da minha casa. escrever nesse blog é como voltar aos meus 20 anos, é mais anterior até a isso - porque escrever me da a sensação de mim, mesmo quando eu tinha 13, 14 anos.
escrever nesse blog é como visitar as minhas antigas coisas. meu quarto, minha luz, meu edredom, minhas roupas, minhas conversas no msn, minhas músicas baixadas com tanto sacrifício no kazaa. e ao mesmo tempo, é encontrar a mulher que foi se construindo nesse caminho.
e se orgulhar dela. pqe, olha, se tem uma coisa que eu posso dizer com certeza é que eu me orgulho para caramba da mulher que eu sou. e claro, que tudo pqe eu fui criada pelas pessoas mais incentivadoras da liberdade desse mundo, que me deram todo o carinho, me encheram de afeto, e que me permitiram ser livre - verdadeiramente livre.
quando eu converso sobre liberdade de ser com alguém eu sinto sempre um problema. se é homem, pra ele a liberdade é tão óbvia, que não toca profundamente. se é mulher, dificilmente é livre como eu - se é, conto nos dedos. e por isso eu amo tanto tanto giovanna e ana clara, pqe eu acho que elas sim são livres. mas até mesmo quando eu olho para elas eu vejo suas amarras. mesmo elas. mesmo eu.
e eu penso o quanto essas amarras são poucas perto das tantas outras que eu vejo ao redor, nas pessoas que eu amo tanto (mas que, infelizmente, admiro menos). mas que ainda assim precisam ser quebradas.
eu não quero ter uma filha um dia que seja qualquer coisa menos que o mesmo que me desejou papai quando eu nasci: livre.
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
7x1 brasil e brasil
essa semana foi o segundo turno da eleição para presidente no brasil. o maior asno em formato de ser humano se elegeu com 55% dos votos válidos.
(eu digo que quero falar de uma coisa de cada vez, mas na verdade tudo me traz tantos sentimentos diferentes que é difícil fazer tudo de uma forma cronológica)
foram muito meses de estresse, ansiedade, dor, estafa, brigas, discussões, gritos, choro.
quando eu me lembro que há uns dois anos, mais ou menos, quando se aventava a possibilidade de termos um presidente como o bolsonaro, isso era o maior motivo de piada do planeta. mas ai veio o trump (o maior motivo de piada do planeta) provar que os analfabetos políticos são maioria e que gente ruim existe aos baldes por ai pelo mundo.
aquilo ali me acendeu uma luz vermelha. medo.
eu estava morando num país comandado por um dos piores homens de quem já se ouviu falar - e a maldade se espalha numa velocidade impressionante. minha tia (a minha tia, que eu tanto amo e me orgulhei a vida toda) estava votando nesse cara - fosse por total falta de conhecimento político, fosse por que nao reconhece os privilegios que tem e teve durante a vida - e aquilo ali me doia como uma faca enfiando no peito.
na mesma época teve a eleição no rio, para governador, e ganhou o crivella (o maior motivo de piada gospel do planeta, até então). e a anna - tia do dudu, que eu sempre fui tao apaixonada, tao grata, alguém que fez por mim coisas inimagináveis de amor - votou nele - fosse por total falta de conhecimento político, fosse pqe nao reconhece seus privilégios.
aqueles dois votos me assustaram muito. eles me alertavam pro que viria, mas não foi o suficiente pra me preparar. não o suficiente para me fazer desacreditar.
e eu passei os últimos meses berrando, me estapeando, subindo nos sapatos, surtanto, para tentar evitar o óbvio. não consegui. e essa frustração toda é muito foda. pq ela mina muito as minhas energias, suga tudo que há em mim de mais poderoso - a minha energia de amor vital.
agora que acabou eu sinto um pouco de tudo. tristeza, decepção, dor. mas ao mesmo tempo vejo luta e me sinto parte de resistência. e por me sentir parte de algo, tudo isso é mais forte. e também mais dolorido.
o acabar é bom, porque alivia. pqe finalmente o excesso de estresse dá um descanso. por outro lado, é como se eu tivesse quase um vazio - agora as pessoas não se importam mais em bater boca. e eu fico aqui, órfã da angustia - e isso segue me angustiando.
e acho que para eu entender isso me custou muitos anos de auto sabotagem/auto analise e um pouquinho de terapia mais milhares de conversas com o dudu sobre pertencimento e orfãndade (é assim que se escreve essa palavra? se escreve essa palavra?)
to aqui, fumando o meu beck, tomando o meu golden milk e escrevendo - combo anti-insônia maior que eu conheço na vida - e torcendo para de alguma maneira meu sono voltar.
são milhares de sessões de terapia, e mesmo assim sinto como se tivesse um mundo dentro de mim de sentimentos para falar - e um outro mundo de sentimentos falados desorganizados desconexos.
sobre tudo isso de política (que na verdade de política tem o mesmo tanto que existir): eu sempre serei um ser ansioso, justo, franco, direto. eu sempre vou debater, eu sempre vou dizer, eu sempre vou mostrar os porquês.
eu também sempre vou transformar isso tudo em ansiedade e toda a ansiedade em insônia.
só que eu não posso, pqe assim eu não produzo e se eu não produzir, as contas não irão se pagar sozinhas. simples assim.
então, conclusão desse nada/resumo: está tudo uma bagunça, o mundo está do avesso. o brasil terá seu pior presidente de todos os tempos, os EUA já está tendo o seu. mas a história mostra que isso tudo faz parte - que a história é elástica como um estilingue, e que para dar um salto à frente precisa de um movimento para trás. é o conservadorismo queimando suas últimas fagulhas. são as últimas forças dos imbecis.
que seja. que sejam. e que a gente pague esse pato. porque somos uma sociedade imunda e doente que não se ama, não se respeita e não se liberta.
é inaceitável. mas é parte do jogo. e vamos continuar jogando, enquanto a gente pode.
(eu digo que quero falar de uma coisa de cada vez, mas na verdade tudo me traz tantos sentimentos diferentes que é difícil fazer tudo de uma forma cronológica)
foram muito meses de estresse, ansiedade, dor, estafa, brigas, discussões, gritos, choro.
quando eu me lembro que há uns dois anos, mais ou menos, quando se aventava a possibilidade de termos um presidente como o bolsonaro, isso era o maior motivo de piada do planeta. mas ai veio o trump (o maior motivo de piada do planeta) provar que os analfabetos políticos são maioria e que gente ruim existe aos baldes por ai pelo mundo.
aquilo ali me acendeu uma luz vermelha. medo.
eu estava morando num país comandado por um dos piores homens de quem já se ouviu falar - e a maldade se espalha numa velocidade impressionante. minha tia (a minha tia, que eu tanto amo e me orgulhei a vida toda) estava votando nesse cara - fosse por total falta de conhecimento político, fosse por que nao reconhece os privilegios que tem e teve durante a vida - e aquilo ali me doia como uma faca enfiando no peito.
na mesma época teve a eleição no rio, para governador, e ganhou o crivella (o maior motivo de piada gospel do planeta, até então). e a anna - tia do dudu, que eu sempre fui tao apaixonada, tao grata, alguém que fez por mim coisas inimagináveis de amor - votou nele - fosse por total falta de conhecimento político, fosse pqe nao reconhece seus privilégios.
aqueles dois votos me assustaram muito. eles me alertavam pro que viria, mas não foi o suficiente pra me preparar. não o suficiente para me fazer desacreditar.
e eu passei os últimos meses berrando, me estapeando, subindo nos sapatos, surtanto, para tentar evitar o óbvio. não consegui. e essa frustração toda é muito foda. pq ela mina muito as minhas energias, suga tudo que há em mim de mais poderoso - a minha energia de amor vital.
agora que acabou eu sinto um pouco de tudo. tristeza, decepção, dor. mas ao mesmo tempo vejo luta e me sinto parte de resistência. e por me sentir parte de algo, tudo isso é mais forte. e também mais dolorido.
o acabar é bom, porque alivia. pqe finalmente o excesso de estresse dá um descanso. por outro lado, é como se eu tivesse quase um vazio - agora as pessoas não se importam mais em bater boca. e eu fico aqui, órfã da angustia - e isso segue me angustiando.
e acho que para eu entender isso me custou muitos anos de auto sabotagem/auto analise e um pouquinho de terapia mais milhares de conversas com o dudu sobre pertencimento e orfãndade (é assim que se escreve essa palavra? se escreve essa palavra?)
to aqui, fumando o meu beck, tomando o meu golden milk e escrevendo - combo anti-insônia maior que eu conheço na vida - e torcendo para de alguma maneira meu sono voltar.
são milhares de sessões de terapia, e mesmo assim sinto como se tivesse um mundo dentro de mim de sentimentos para falar - e um outro mundo de sentimentos falados desorganizados desconexos.
sobre tudo isso de política (que na verdade de política tem o mesmo tanto que existir): eu sempre serei um ser ansioso, justo, franco, direto. eu sempre vou debater, eu sempre vou dizer, eu sempre vou mostrar os porquês.
eu também sempre vou transformar isso tudo em ansiedade e toda a ansiedade em insônia.
só que eu não posso, pqe assim eu não produzo e se eu não produzir, as contas não irão se pagar sozinhas. simples assim.
então, conclusão desse nada/resumo: está tudo uma bagunça, o mundo está do avesso. o brasil terá seu pior presidente de todos os tempos, os EUA já está tendo o seu. mas a história mostra que isso tudo faz parte - que a história é elástica como um estilingue, e que para dar um salto à frente precisa de um movimento para trás. é o conservadorismo queimando suas últimas fagulhas. são as últimas forças dos imbecis.
que seja. que sejam. e que a gente pague esse pato. porque somos uma sociedade imunda e doente que não se ama, não se respeita e não se liberta.
é inaceitável. mas é parte do jogo. e vamos continuar jogando, enquanto a gente pode.
quarta-feira, 31 de outubro de 2018
its been a while
duas e vinte da manhã e eu estou outra vez acordada. dormi relativamente cedo, se não me engano antes das 11. talvez as dez... fui correr ontem a noite. recomecei meu treino de corrida com o coach do brasil e se eu não fosse na quarta eu não iria conseguir fechar a semana. então eu fui. e amanhã preciso ir outra vez. então amanhã preciso acordar cedo - e para isso, preciso dormir.
mas é claro que quanto mais a fazer, mais me angustio, mais me atraso, mais insonia, mais sono, menos tempo, menos produtovidade. aquele ciclo.
eu me lembro quando eu era bem pirralha e escrevia no insonia as minhas paixões. eu me lembro dos frios na barriga causados por excesso de amor, de paixão, de tesão, de cazuza e de livros.
hoje meus frios na barriga se dão por medo de autoritarismo, por medo de não pagar as contas, por medo de não entregar tudo que eu prometo.
-
não sei pqe isso, de um tempo (longo) para cá, de não conseguir nunca escrever uma coisa só. ou sei. é pqe não escrevo muito, então quando eu me sento, eu transbordo tudo muito, meio cachoeira, sem borda, só vai. e ai vai muito.
eu acho que uma boa estratégia é: vou fazer vários posts, ainda que todos agora. um sobre cada coisa. é. melhor.
mas é claro que quanto mais a fazer, mais me angustio, mais me atraso, mais insonia, mais sono, menos tempo, menos produtovidade. aquele ciclo.
eu me lembro quando eu era bem pirralha e escrevia no insonia as minhas paixões. eu me lembro dos frios na barriga causados por excesso de amor, de paixão, de tesão, de cazuza e de livros.
hoje meus frios na barriga se dão por medo de autoritarismo, por medo de não pagar as contas, por medo de não entregar tudo que eu prometo.
-
não sei pqe isso, de um tempo (longo) para cá, de não conseguir nunca escrever uma coisa só. ou sei. é pqe não escrevo muito, então quando eu me sento, eu transbordo tudo muito, meio cachoeira, sem borda, só vai. e ai vai muito.
eu acho que uma boa estratégia é: vou fazer vários posts, ainda que todos agora. um sobre cada coisa. é. melhor.
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
a coisa de lidar com a saudade (e com a perda)
prometi para eduarda que eu ia escrever sobre isso. ai eu escrevi, primeiro a caneta mesmo, e não saiu nada. ai vim aqui pro insônia e fiquei - óbvio - brigando pra lembrar como faz para logar. dez anos de blog e dez anos de não saber o acesso. mais minha cara, impossível.
aliás, falando em blog e as tecnologias, quando é que a blogspot vai fazer um aplicativo para eu vomitar pensamentos de qualquer lugar do mundo? coisa mais constrangedora, pleno 2018 e o blogspot não se adianta nas tecnologias. valha-me nossa senhora.
enfim. era sobre perda e não sobre blogspot né. sobre perda e sobre saudade.
hoje a mamãe compartilhou um video de rosal, e eu lembrei que o festival está chegando. e com isso vieram um infinito de outras coisas lindas doces saudades doloridas importantes até mim.
primeiro eu pensei o quanto gostaria de estar lá. compartilhei o vídeo no meu facebook e escrevi que se pudesse escolher duas datas para estar sempre no brasil, seriam o carnaval em floripa e o festival em rosal.
ai fui pensar melhor. não sei como seria para mim sobreviver a um festival de rosal sem o papai. mas sabe o que? se a minha mãe sobreviveu, eu tenho obrigação de suportar, pelo menos, a falta dele lá.
na verdade já está passando da hora de começar a suportar a falta dele. já se passou um ano e meio e de tudo o que mais me doi é o sentimento de completa negação. eu não acredito, não aceito, não suporto pensar na perda dele como algo real.
(seria mais fácil continuar digitando sem chorar tanto e o nariz escorrer. mas é impossível. eu to falando sobre o meu pai. sobre o não estar, o não sentir, o não viver.)
quando eu penso em rosal eu viajo no tempo, 7 anos. aquela primeira vez. nós 4, 4 garrafas de vinho e não sei quanto mais em whisky, a casa do lalado, um frio de congelar as pontas dos dedos, o cachecol dando dez voltas no pescoço e os cabelos enbolados num ninho de mafagafo. e ai penso no papai, lembro de ficar no colo dele porque não tinha cadeira, e lembro dele acordando no dia seguinte de banho tomado. o cheiro do papai de banho tomado, os cabelos fortes e cheios, tão pretos, úmidos. o café da manhã, as delicias, as manias dele de cozinha, os hábitos.
quanto eu penso na perda - e na saudade que eu sinto que é maior que tudo que há nessa vida - eu travo. eu não consigo ir além e não sei o que dizer sobre a minha relação com a perda.
eu sei o que eu sinto quanto a saudade. eu sei dizer que a saudade é algo impossível de medir. e eu sei toda a culpa que eu carrego por não ter estado com a mamãe todo esse tempo.
as decisões mais difíceis na vida são as decisões de estar longe de quem a gente ama. eu não tenho a menor dúvida disso. todo o resto é fácil de lidar... mas isso, é impossível explicar.
e ai vem a coisa da perda. dos traumas. eu ter vivido dois traumas de perda muito forte, num espaço de tempo de 6 meses, me deixou muito medrosa. e não é natural que se viva assim. não é bom, saudável. é preciso superar o trauma, afastar a culpa, e engolir o choro.
eu acabei de olhar pra uma foto minha na argentina comendo crepe de palito e eu penso o quanto daquela luisa mudou pra chegar a luisa que temos hoje. ali existia uma pessoa 100% otimista. e hoje eu tento, eu juro, buscar aquela luz em mim - a gratidão, o otimismo, o olhar de amor pro mundo - mas nem sempre eu consigo. e eu, quando nao consigo, sei que faço isso de maneira a me auto sabotar. eduarda disse que é muito claro: eu tenho tanto medo de perder as coisas que é mais fácil não ter e assim nao correr riscos.
mas pera ai. eu não sou um pacote de emoções sem razão. eu sou uma mistura disso tudo e eu preciso aprender a lidar com o meu medo de perder de um jeito natural. encarar isso de frente. me respeitar. e entender que a vida é mesmo randômica e que não vai ser todo hurricane season que vai ter uma tragédia anunciada. vai que nem hurricane tem?!
queria só ficar em casa hoje, encasulada. sozinha com meus pensamentos, minhas letras, meu beck, e se possível com o colo da minha mãe, mesmo que por telefone.
aliás, falando em blog e as tecnologias, quando é que a blogspot vai fazer um aplicativo para eu vomitar pensamentos de qualquer lugar do mundo? coisa mais constrangedora, pleno 2018 e o blogspot não se adianta nas tecnologias. valha-me nossa senhora.
enfim. era sobre perda e não sobre blogspot né. sobre perda e sobre saudade.
hoje a mamãe compartilhou um video de rosal, e eu lembrei que o festival está chegando. e com isso vieram um infinito de outras coisas lindas doces saudades doloridas importantes até mim.
primeiro eu pensei o quanto gostaria de estar lá. compartilhei o vídeo no meu facebook e escrevi que se pudesse escolher duas datas para estar sempre no brasil, seriam o carnaval em floripa e o festival em rosal.
ai fui pensar melhor. não sei como seria para mim sobreviver a um festival de rosal sem o papai. mas sabe o que? se a minha mãe sobreviveu, eu tenho obrigação de suportar, pelo menos, a falta dele lá.
na verdade já está passando da hora de começar a suportar a falta dele. já se passou um ano e meio e de tudo o que mais me doi é o sentimento de completa negação. eu não acredito, não aceito, não suporto pensar na perda dele como algo real.
(seria mais fácil continuar digitando sem chorar tanto e o nariz escorrer. mas é impossível. eu to falando sobre o meu pai. sobre o não estar, o não sentir, o não viver.)
quando eu penso em rosal eu viajo no tempo, 7 anos. aquela primeira vez. nós 4, 4 garrafas de vinho e não sei quanto mais em whisky, a casa do lalado, um frio de congelar as pontas dos dedos, o cachecol dando dez voltas no pescoço e os cabelos enbolados num ninho de mafagafo. e ai penso no papai, lembro de ficar no colo dele porque não tinha cadeira, e lembro dele acordando no dia seguinte de banho tomado. o cheiro do papai de banho tomado, os cabelos fortes e cheios, tão pretos, úmidos. o café da manhã, as delicias, as manias dele de cozinha, os hábitos.
quanto eu penso na perda - e na saudade que eu sinto que é maior que tudo que há nessa vida - eu travo. eu não consigo ir além e não sei o que dizer sobre a minha relação com a perda.
eu sei o que eu sinto quanto a saudade. eu sei dizer que a saudade é algo impossível de medir. e eu sei toda a culpa que eu carrego por não ter estado com a mamãe todo esse tempo.
as decisões mais difíceis na vida são as decisões de estar longe de quem a gente ama. eu não tenho a menor dúvida disso. todo o resto é fácil de lidar... mas isso, é impossível explicar.
e ai vem a coisa da perda. dos traumas. eu ter vivido dois traumas de perda muito forte, num espaço de tempo de 6 meses, me deixou muito medrosa. e não é natural que se viva assim. não é bom, saudável. é preciso superar o trauma, afastar a culpa, e engolir o choro.
eu acabei de olhar pra uma foto minha na argentina comendo crepe de palito e eu penso o quanto daquela luisa mudou pra chegar a luisa que temos hoje. ali existia uma pessoa 100% otimista. e hoje eu tento, eu juro, buscar aquela luz em mim - a gratidão, o otimismo, o olhar de amor pro mundo - mas nem sempre eu consigo. e eu, quando nao consigo, sei que faço isso de maneira a me auto sabotar. eduarda disse que é muito claro: eu tenho tanto medo de perder as coisas que é mais fácil não ter e assim nao correr riscos.
mas pera ai. eu não sou um pacote de emoções sem razão. eu sou uma mistura disso tudo e eu preciso aprender a lidar com o meu medo de perder de um jeito natural. encarar isso de frente. me respeitar. e entender que a vida é mesmo randômica e que não vai ser todo hurricane season que vai ter uma tragédia anunciada. vai que nem hurricane tem?!
queria só ficar em casa hoje, encasulada. sozinha com meus pensamentos, minhas letras, meu beck, e se possível com o colo da minha mãe, mesmo que por telefone.
revanchinha
argh.
gente chata.
coisa chaaaata.
quer? quer. não quer? fala.
FALA.
grrr
fala vaza. fala não to afim. fala não to na vibe.
coisa mais angustiante a expectativa.
gente chata.
coisa chaaaata.
quer? quer. não quer? fala.
FALA.
grrr
fala vaza. fala não to afim. fala não to na vibe.
coisa mais angustiante a expectativa.
terça-feira, 8 de maio de 2018
energia
eu tenho sempre tendencia a acreditar que energia boa contagia. mas a verdade eh que toda energia contagia. seja boa, com astral no alto, ou a energia pesada com a vibe ruim. geralmente contagia mais a mais forte.
estou ha dois dias nessa angustia do julgamento, dormindo mal, torcendo para dar tudo certo com meu amigo amado. e ai hoje, depois de uma noite daquelas de ansiedade, agitacao e muita energia positiva, deu tudo certo. amem. como agradecer? so deixar a vida e fazer o melhor de mim para ser melhor pro mundo.
ai me junto de toda a energia que eu tenho para respirar, sorrir e trabalhar. venho com o meu melhor sorriso, venho com todo o amor e com toda essa energia positiva, que vibra alto e forte.
ai quando eu chego eu me dou de cara com o oposto exato. com o outro lado. o dark e sombrio lado de uma energia pesada. carregada mesmo.
eu tenho me blindar. tento respirar. tento contagiar.
IMPOSSIVEL.
juro que eu to tentando, juro que eu to fazendo o esforco que eu posso, que eu ja sai algumas vezes so pra respirar, e que ate entao a coisa esta sob controle. mas eh como se o tempo passasse do avesso. olhar pro relogio e contar os minutos para ir embora e eles nao passarem.
chamar as pessoas que eu amo, conversar, procurar por docura, por carinho e por coisas que me animam.
e ainda assim isso nao esta resolvendo.
e o pior. eh que eh uma energia pesada tao alta, que esta absolutamente todo mundo tocado por ela. ela esta completamente impregnada. mesmo escrevendo nao alivia. como pode?
acho que ha muito tempo eu nao experimentava essa sensacao de escrever e nao esclarecer.
uau.
acho que eu preciso ler, entao.
la vou eu.
quinta-feira, 12 de abril de 2018
a mais completa procrastinacao
desde que o ano virou, e o visto saiu, e a gente voltou, as coisas começar a dar muito certo/errado.
ao mesmo passo que tudo que eu pedi - e como pedi - foi indo para o seu devido lugar, o meu coração foi ficando mais angustiado, mais apertado, mais perdido e sem saber muito bem o que/como sentir.
a chegada na casa do Danilo foi dificil, porque desde que eu cheguei a relação com eles esta MUITO dificil. eh difícil em mil esferas que eu não sei descrever.
eh dificil porque nao tem grana, cliente, tem a relação pessoal deles com eles, comigo, a sensação de ser a bola da vez que não passa e que me angustia.
eu to realmente emocionalmente exausta de tudo isso.
e ainda que eu saiba o quanto eh bom escrever, e o quanto escrever esclarece, eu sinto que venho deixando os dias pensando no problema (quase uma escrita mental) mas não estou resolvendo muito nada - embora ja tenha evoluído sim, muito.
(paro para mandar uma mensagem que anda no caminho que eu quero andar e isso eh bom e reconfortante. ja me sinto mais animada, me movendo para algum lugar)
(ligo Dido. porque eu sou uma pessoa de hábitos)
do nada me vem um vontade impensável de voltar a adolescência e a falta de problemas. e ao papai.
fuck. ate a dido me faz chorar de saudade do papai.
tudo me faz chorar de saudade do papai...
parece que eu vou deixando o tempo passar, e tentando fechar a ferida. mas quanto mais frágil eu estou (emocionalmente), também mais a flor da pele eu fico. e mais eu choro, por tudo e por nada.
(eu sinto essa necessidade de contextualizar, pq em algum ponto eu do futuro preciso me reler para me visitar, e entender porque eu estou sentindo isso - mas ao mesmo tempo, eh sempre tudo e tanto, que eu não sei muito bem como continuar).
mas vamos a onde eu queria chegar (aonde ou a onde? a onde, ne? vamos ate onde eu queria chegar...)
procrastinacao.
um dia todo (ou tres, mas nao quatro pqe hoje eu não vou permitir) de fazer nada. ligada completamente no automático.
sabe a angustia que isso da?
absurda.
ai vamos a meditacao. saio de la nova. eh incrivel. (ali, a situacao, estar com a Gi aqui em casa vivendo isso tudo comigo), mas ai uma mensagem me desestabiliza, me bagunça.
e eu percebo que, de fato, nao da pra ficar como esta.
ao mesmo passo que tudo que eu pedi - e como pedi - foi indo para o seu devido lugar, o meu coração foi ficando mais angustiado, mais apertado, mais perdido e sem saber muito bem o que/como sentir.
a chegada na casa do Danilo foi dificil, porque desde que eu cheguei a relação com eles esta MUITO dificil. eh difícil em mil esferas que eu não sei descrever.
eh dificil porque nao tem grana, cliente, tem a relação pessoal deles com eles, comigo, a sensação de ser a bola da vez que não passa e que me angustia.
eu to realmente emocionalmente exausta de tudo isso.
e ainda que eu saiba o quanto eh bom escrever, e o quanto escrever esclarece, eu sinto que venho deixando os dias pensando no problema (quase uma escrita mental) mas não estou resolvendo muito nada - embora ja tenha evoluído sim, muito.
(paro para mandar uma mensagem que anda no caminho que eu quero andar e isso eh bom e reconfortante. ja me sinto mais animada, me movendo para algum lugar)
(ligo Dido. porque eu sou uma pessoa de hábitos)
do nada me vem um vontade impensável de voltar a adolescência e a falta de problemas. e ao papai.
fuck. ate a dido me faz chorar de saudade do papai.
tudo me faz chorar de saudade do papai...
parece que eu vou deixando o tempo passar, e tentando fechar a ferida. mas quanto mais frágil eu estou (emocionalmente), também mais a flor da pele eu fico. e mais eu choro, por tudo e por nada.
(eu sinto essa necessidade de contextualizar, pq em algum ponto eu do futuro preciso me reler para me visitar, e entender porque eu estou sentindo isso - mas ao mesmo tempo, eh sempre tudo e tanto, que eu não sei muito bem como continuar).
mas vamos a onde eu queria chegar (aonde ou a onde? a onde, ne? vamos ate onde eu queria chegar...)
procrastinacao.
um dia todo (ou tres, mas nao quatro pqe hoje eu não vou permitir) de fazer nada. ligada completamente no automático.
sabe a angustia que isso da?
absurda.
ai vamos a meditacao. saio de la nova. eh incrivel. (ali, a situacao, estar com a Gi aqui em casa vivendo isso tudo comigo), mas ai uma mensagem me desestabiliza, me bagunça.
e eu percebo que, de fato, nao da pra ficar como esta.
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