quinta-feira, 1 de novembro de 2018

7x1 brasil e brasil

essa semana foi o segundo turno da eleição para presidente no brasil. o maior asno em formato de ser humano se elegeu com 55% dos votos válidos.

(eu digo que quero falar de uma coisa de cada vez, mas na verdade tudo me traz tantos sentimentos diferentes que é difícil fazer tudo de uma forma cronológica)

foram muito meses de estresse, ansiedade, dor, estafa, brigas, discussões, gritos, choro.

quando eu me lembro que há uns dois anos, mais ou menos, quando se aventava a possibilidade de termos um presidente como o bolsonaro, isso era o maior motivo de piada do planeta. mas ai veio o trump (o maior motivo de piada do planeta) provar que os analfabetos políticos são maioria e que gente ruim existe aos baldes por ai pelo mundo.

aquilo ali me acendeu uma luz vermelha. medo.

eu estava morando num país comandado por um dos piores homens de quem já se ouviu falar - e a maldade se espalha numa velocidade impressionante. minha tia (a minha tia, que eu tanto amo e me orgulhei a vida toda) estava votando nesse cara - fosse por total falta de conhecimento político, fosse por que nao reconhece os privilegios que tem e teve durante a vida - e aquilo ali me doia como uma faca enfiando no peito.

na mesma época teve a eleição no rio, para governador, e ganhou o crivella (o maior motivo de piada gospel do planeta, até então). e a anna - tia do dudu, que eu sempre fui tao apaixonada, tao grata, alguém que fez por mim coisas inimagináveis de amor - votou nele - fosse por total falta de conhecimento político, fosse pqe nao reconhece seus privilégios.

aqueles dois votos me assustaram muito. eles me alertavam pro que viria, mas não foi o suficiente pra me preparar. não o suficiente para me fazer desacreditar.

e eu passei os últimos meses berrando, me estapeando, subindo nos sapatos, surtanto, para tentar evitar o óbvio. não consegui. e essa frustração toda é muito foda. pq ela mina muito as minhas energias, suga tudo que há em mim de mais poderoso - a minha energia de amor vital.

agora que acabou eu sinto um pouco de tudo. tristeza, decepção, dor. mas ao mesmo tempo vejo luta e me sinto parte de resistência. e por me sentir parte de algo, tudo isso é mais forte. e também mais dolorido.
o acabar é bom, porque alivia. pqe finalmente o excesso de estresse dá um descanso. por outro lado, é como se eu tivesse quase um vazio - agora as pessoas não se importam mais em bater boca. e eu fico aqui, órfã da angustia - e isso segue me angustiando.
e acho que para eu entender isso me custou muitos anos de auto sabotagem/auto analise e um pouquinho de terapia mais milhares de conversas com o dudu sobre pertencimento e orfãndade (é assim que se escreve essa palavra? se escreve essa palavra?)


to aqui, fumando o meu beck, tomando o meu golden milk e escrevendo - combo anti-insônia maior que eu conheço na vida - e torcendo para de alguma maneira meu sono voltar.

são milhares de sessões de terapia, e mesmo assim sinto como se tivesse um mundo dentro de mim de sentimentos para falar - e um outro mundo de sentimentos falados desorganizados desconexos.

sobre tudo isso de política (que na verdade de política tem o mesmo tanto que existir): eu sempre serei um ser ansioso, justo, franco, direto. eu sempre vou debater, eu sempre vou dizer, eu sempre vou mostrar os porquês.
eu também sempre vou transformar isso tudo em ansiedade e toda a ansiedade em insônia.

só que eu não posso, pqe assim eu não produzo e se eu não produzir, as contas não irão se pagar sozinhas. simples assim.

então, conclusão desse nada/resumo: está tudo uma bagunça, o mundo está do avesso. o brasil terá seu pior presidente de todos os tempos, os EUA já está tendo o seu. mas a história mostra que isso tudo faz parte - que a história é elástica como um estilingue, e que para dar um salto à frente precisa de um movimento para trás. é o conservadorismo queimando suas últimas fagulhas. são as últimas forças dos imbecis.

que seja. que sejam. e que a gente pague esse pato. porque somos uma sociedade imunda e doente que não se ama, não se respeita e não se liberta.
é inaceitável. mas é parte do jogo. e vamos continuar jogando, enquanto a gente pode.

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