sábado, 9 de novembro de 2024

M.

só porque você pediu pra eu escrever, vou escrever hoje como se eu tive contando pra você.

(só que pra mim mesma, no caso)

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hoje resolvi me separar. estou há dois anos com felipe, mas hoje eu resolvi que chegou a hora de dar um passo que eu preciso - ficar só.

eu passei pelo meu divórcio sem nem ter tempo para entender e sentir; me envolvi muito rápido - e precisei disso, e usei como fuga. depois eu fiz de tudo pra dar certo. eu lutei pelo casamento cada dia desses dois anos incansavelmente.

eu lutei incansavelmente pra fazer ele feliz. mas nisso eu acabei esquecendo que eu não tava feliz.

eu fui escondendo todas as dores, deixando tudo cicatrizar sem futucar muito. fui usando esse tempo para aprender muitas coisas impressionantes sobre mim e sobre o mundo.

hoje mesmo eu tava no telefone com a lu e contei pra ela que só esse ano eu aprendi que eu não preciso estar em todo lugar e que todo mundo não é meu amigo. parece óbvio, mas não é.

tem coisas que pra mim são óbvias, pra você não... enfim. eu já entendi que não existe senso comum. não tem ninguém que viveu as experiências que você viveu, ou que sentiu aquilo tudo que você sentiu.

tudo bem que talvez eu tenha exagerado nas diferenças nesse casamento. tantas coisas que a gente tem de diferente... não sei se tinha mesmo como achar o meio do caminho. mas tudo bem. foi ótimo. lindo. avassalador. real. foi amor. mas um amor que não sustentou o tempo, a rotina. o dia, a noite. as brigas, as cobranças, as queixas, as portas abertas...

tem amor que não foi feito pra ser pra sempre. 


e mesmo amor que foi feito pra ser pra sempre às vezes acaba.

veja eu e dudu. eu achei que aquele era o maior amor que poderia haver em toda a eternidade - e que nada ia quebrar ele. e quebrou. o tempo, os sonhos. eu errei muito. mas eu só aprendi tudo que eu aprendi depois que eu me separei,

eu não teria aprendido se eu tivesse ficado. eu só teria doido e doido e desgastado mais e mais.

eu sinto culpa. sinto raiva de mim. mas também sinto que foi o certo - e que eu fiz o que eu podia pra fazer o que eu achava que era melhor pra mim. mas também porque eu achava que era melhor para ele.

e eu acho mesmo. acho que ele agora deve estar bem. as notícias que eu sei são boas, e eu torço todos os dias pela felicidade dele. eu sei que se alguém nessa vida merece ser feliz é dudu.

e felipe. e eu. e você. e todo mundo.


o ponto é exatamente esse.

a gente veio pra ca pra essa vida pra ser feliz. não tem outro compromisso. não tem outro objetivo. é a felicidade - que se traduz em tudo; no amor, na família, na saúde, no sucesso, na casa, na paz, nos amigos, no tempo de qualidade, no dinheiro... é a felicidade da liberdade e da tranquilidade.

todo mundo merece isso.

e é exatamente pra não errar os mesmos erros, e por amar e desejar seguir sempre honrando as pessoas que eu amo, que eu decido hoje que eu estou me retirando desse casamento. sem pressa, sem briga, sem grito, sem drama.

mas saindo no tempo que eu acho que é o certo. eu dei o que eu tinha, eu recebi o que ele tinha. mas como está não é mais bom para ninguém. e ninguém deve ser obrigado a estar com alguém sem estar feliz.



quarta-feira, 14 de agosto de 2024

its me, mario. i mean, LUISA!

 again :)

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sempre que a insônia e o insônia me tomam é porque as coisas estão muito confusas ou muito claras.

agora tudo é claro.
eu vejo o céu completamente azul ao meu lado, que encontra nos prédios brancos, e nas folhas verdes, e no mar azul, e nos prédios envidraçados que acabam de perto ficando mais verde que branco, e nos brinquedos dos cachorros espalhados na varanda, nossa mesa de madeira, o tapete verde, eu em vermelho, o pastrami escondido quase nos meus pés na almofada de yoga.

tem uma criança brincando em algum lugar, e alguém tá ouvindo uma música animada. meu whatsapp tá apitando e eu escuto uma e outra buzina lá da rua. ah. e os pássaros. eu escuto os pássaros.

é auge do verão, e as manhãs estão difíceis de suportar na varanda. quando o sol nasce é incrível, mas logo se torna insuportável. depois da almoço, por mais que eu fique naquele anda anda, é sempre aqui que está a paz. sentada na varanda, sentindo o dia chegar ao final, leve e lindo.

é ver passar o avião; ou às vezes nem ver; só ouvir. aquela massa de ar que vem vindo e corta o céu, e de repente quando você procura ele nem está mais lá.

minha casa ta em ordem. minha vida ta em ordem. minhas contas estão em ordem. minha cabeça ta em ordem.

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é impressionante o como eu realmente aprendi uma lição gigante dessa vez:

fazer um pouquinho de cada vez - de maneira consistente - é muito melhor que fazer rápido. e isso se aplica pra absolutamente tudo nessa vida.

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finalmente chegando ao fim do primeira parte do processo. 
laura essa semana vai dar entrada nos papéis.
chega de enrolar com isso, porque a vida anda pra frente - e não da pra ficar parado esperando pelo passado (que só pode estar no futuro).

um passo tão importante, tão delicado e aparentemente tão fácil. só eu sei o quanto me custou coragem - mais que qualquer outra coisa. e quanto ta me custando em amor. e eu realmente preciso conseguir olhar pra tudo isso com todo o amor que merece.

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eu aprendi tanto com os meus erros. se essa luisa vivesse aquela vida outra vez, tantas coisas seriam outras. tantas coisas seriam diferentes. tantas coisas seriam desfeitas, desditas.

mas é essa luisa que está aqui agora. cometendo menos os erros de antes. cometendo mais os erros de agora.

como é interessante pensar no quanto a gente muda. no quanto a gente evolui. no quanto a gente precisa querer mudar pra conseguir. e no quanto a gente tem que estar disposto a olhar pros nossos próprios erros pra evoluir.

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sigo.

terça-feira, 21 de maio de 2024

hello, stranger

long time no see, huh?!

é que eu andei escrevendo em papel pra não escrever em pedra.
acho que as novas grandes certezas eram tudo máscara.

e agora é uma grande confusão mental. não sei mais de nada.
não consigo ter mais nenhuma certeza. nenhumazinha. sobre absolutamente nada.

nunca me senti tão incerta.
tão distante, tão desconectada, mas ao mesmo tempo tão responsável. e no lugar certo - por mais que absoltamente fora do conforto.
nunca tive tanta dúvida; tanta dívida; tanta saudade; tanta culpa; tanta pergunta; tanta fritação mental.

mas algo é bom.

agora é hora de conhecer de novo a luisa. quem eu fui, quem eu sou, quem eu quero ser.
eu não moro mais em mim.

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encontrei essa playlist 'todos de pé para a execução do hino da república da coitadolândia' e já faz dias que eu escuto e choro e penso nas promessas e nas previsões. é como se fosse a única coisa pela qual viver. tudo pelo futuro que eu prometi.

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e no meio disso.

quem é a luisa?

a pergunta de um milhão de dólares.

o que a luisa gosta?

escrever. a luisa gosta de escrever. e de música (especialmente a brasileira boa), e arte, e amigos, e pessoas, e conhecer coisas, e aprender, e estar perto de quem me faz bem. a luisa gosta de estar perto de quem ela ama. ou até de quem ela só se diverte. ela gosta de ter good times, em um dia simples, em horas despretensiosas. ela gosta de sentir o vento na cara quando pedala, e gosta de escrever enquanto ouve música, e gosta de ler harry potter enquanto ouve dido com o ar condicionado bem geladinho. a luisa gosta de luz baixa, luz de vela, casa cheirosa, casa com cheiro de comida gostosa, mesa cheia, mesa farta, amigos na mesa, amigos em casa, tempo de qualidade, doer a barriga de tanto rir, doer a cabeça de tanto rir, chorar quando é preciso, sair da rotina, comer algo delicioso, descobrir algo delicioso.

e sol, praia, corpo bronzeado, mergulho. roupa nova, maquigem e perfume. desfile. música, luz, câmera. ação.

eu também gosto de corpo, calor, toque, beijo, cama, sexo, cheiro, beijo na testa, pernas entrelaçadas, dedos entrelaçados, cachorros entrelaçados, cabelos entrelaçados, sonhos entrelaçados.

que que há? que que tá se passando com essa cabeça?

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e porque eu não tenho sido? onde eu fui parar nesse tempo? eu não me identifico mais? eu não sei mais quem eu sou e nem o que eu quero?

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meu coração dispara quando tem o seu cheiro dentro de um livro; na cinza das horas.