sábado, 28 de março de 2020

corona vaaaairus

é importante deixar registrado que o mundo esta ao contrário e uma parte - pelo menos - reparou.

estamos passando pela nossa maior crise, enquanto humanidade, que essa geração já viu.

é preciso.
repensar, realinhar, reaprender.
partilhar, comungar, dividir.
mas a distância.

é um momento de se retirar e se colocar em reclusão.
usar o tempo a favor de si. de olhar pra dentro.

pra mim e pra dudu tem sido perfeito.
todos os dias são de amor e tesão.
muito.
muito.

acordamos com a luz batendo na cortina e entrando e amaciando o dia.
entre os lençois brancos eu e ele nus, pastrami nos pés, enroladinho que nem um burrito.
eu me levanto pra escrever. escovo os dentes e faço um café.

enquanto me sento na varanda ao sol penso no quanto eu quero também voltar pro quarto.
beijar ele, aquele primeiro beijo da manhã, com sabor de pasta de dente misturado com café.
aquele beijo que vira chamego, que vira mais um monte de beijo, e que quando eu vejo ele ja ta ali, me amando, me chupando, me enchendo dele. de tudo dele que eu mais amo e mais admiro. de toda a verdade e de todo o amor.

amor, arte, comida, maconha. é basicamente disso que se vivem os dias.

é louco pensar que seria incrível se o mundo todo suspendesse por um tempo,
pra que todo mundo pudesse ir pras suas casas,
se recolher,
se prestigiar,
se conhecer.

e ai o mundo vai e faz a sua parte. e as pessoas não se aguentam.
elas não se cabem.
elas não se bastam.

eu entendo.
estive ali não faz muito tempo...

ser você mesmo pode te custar muito caro - mas não ser custa o que não se pode pagar.

e ai fica essa esquizofrenia coletiva. as pessoas precisando de espaço físico. porque elas não se veem, não se olham, não se escutam, não se tocam.
e quem sou eu para dizer isso pro mundo?
eu não sou.

mas eu faço o que me cabe.
eu escrevo.
eu coloco no mundo as coisas.
eu proponho coisas pro mundo.
eu faço.

eu faço com amor. eu faço amor.

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