quarta-feira, 4 de setembro de 2019

sonhos tão claros quanto as águas de key west no meu texto na ara

eu tinha uma entrevista de emprego.

não sabia o que vestir, tudo estava péssimo. nada encaixava: fui de biquini preto e short branco.
não conseguia ir de carro, peguei um patinete. no meio do caminho era uma cidade meio faroeste, meio seca, meio cheia de areia. lembro da sensação de calor, e sufocamento, e sujeira de terra batida.

cheguei na entrevista. parei o carro (que carro?) num estacionamento aberto, com um totem para pagamento eletrônico velho e cercado por grades - parecia um pouco breaking bad, um pouco la casa de papel.

era um cara, desses coroas da moda sérios e chatos. eu achei aquilo tudo um bullshit do caralho. eu ficava lá, tentando ser eu mesma e me questionando se eu deveria. eu precisava muito daquele emprego. eu precisava daquele emprego para pagar os salários de quem trabalhava pra mim.

aquilo tudo não fazia o menor sentido, mas fazia todo o sentido no final das contas.

eu era colocada em cheque quanto aos meus talentos, as minhas habilidades e os meus valores. eu não sei dizer se eu resisti bravamento, porque eu me lembro do sentimento de titubeação. eu me lembro da coisa de sentir que eu dizia uma coisa e me arrependia dela. que eu criava um statement muito difícil de suportar.

***

que merda. nossos medos realmente são escrotos.

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